O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) entregou hoje ao Congresso Nacional o texto da chamada PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, movimento que deve viabilizar o pagamento de programas sociais e o cumprimento de promessas feitas por Lula (PT) durante a campanha eleitoral, como o aumento do salário mínimo acima da inflação, a partir de janeiro de 2023.
O ex-governador de São Paulo, que também é coordenador da equipe de transição, foi recebido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo relator do Orçamento 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), não participou do encontro porque está no Egito em razão da COP27 (Cúpula do Clima).
Segundo apuração do UOL, o texto deverá tratar apenas da retirada do Bolsa Família do teto de gastos de forma permanente, sem fixar um prazo para exceção, o que ainda é alvo de discussões no Congresso.
O teto de gastos foi aprovado em 2016, durante a gestão do então presidente Michel Temer (MDB). Ele limita o crescimento das despesas do governo à correção pela inflação calculada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do ano anterior.
Com a aprovação da PEC, o Orçamento da União — que é o que o Brasil precisará pagar no próximo ano e quanto terá para investir em programas — terá um “espaço” de R$ 105 bilhões. Esse é o valor que já estava previsto no Orçamento para o pagamento do Auxílio Brasil, no valor médio de R$ 405, para 21,5 milhões de famílias no próximo ano.
Essa previsão de gasto será então distribuída pelo Orçamento – e esse ponto não será tratado na PEC. A redistribuição desses recursos para outros programas definida pelo relator, Marcelo Castro, em concordância com as lideranças do Congresso.
A ideia é que Saúde e Educação sejam prioridades, mas há previsão de alocação de recursos em programas como Minha Casa, Minha Vida, investimentos em infraestrutura e outros.
Mercado financeiro apreensivo
O dólar comercial teve alta de 1,55% e encerrou a quarta-feira (16) cotado a R$ 5,382. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), que reúne as empresas mais negociadas, tombou 2,58%, aos 110.243,33 pontos. O volume negociado foi de R$ 51.082.063.246.
Os receios sobre a PEC da Transição voltaram a prevalecer, principalmente com a falta de definição do valor que ficará fora da regra do teto de gastos e a duração da proposta.
Os investidores aguardam uma definição sobre os gastos que serão incluídos na PEC para bancar a continuidade do Auxílio Brasil, que voltará a se chamar Bolsa Família, de R$ 600. Além disso, ainda há dúvidas sobre quem será o ministro da Fazenda do novo governo.
“O mercado seguirá extremamente sensível a este tema”, disse Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos, referindo-se à PEC.