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Por que Nova York foi o estado onde os republicanos mais roubaram cadeiras na Câmara

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Apesar de terem tomado dos democratas a maioria na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, os republicanos saíram frustrados das midterms, as eleições de meio de mandato presidencial, porque a esperada “onda vermelha” não aconteceu – ou seja, uma vitória avassaladora na Câmara e a retomada do Senado (que seguirá controlado pelo partido do presidente Joe Biden).

Entretanto, as eleições legislativas americanas tiveram um
grande consolo para a oposição num reduto democrata: a apuração até o início da
noite desta quinta-feira (17) apontava que, das 18 cadeiras na Câmara que os
republicanos tomaram do partido rival, quatro foram em Nova York, um
tradicional blue state (estado azul, onde os democratas sempre vencem).

Foi o estado onde houve maior “roubo” de assentos dos dois
lados nessas midterms. Na legislatura atual, Nova York possui 19 deputados
federais democratas e oito republicanos. Na que tomará posse em janeiro, serão 15
do partido de Biden e 11 da oposição representando o estado em Washington. Os
números somados divergem entre as duas legislaturas porque Nova York perdeu um
assento na Câmara depois do Censo de 2020.

A eleição legislativa no estado foi marcada por controvérsia
antes de acontecer, porque uma decisão de abril do Tribunal de Apelações estadual
derrubou uma nova distribuição dos distritos eleitorais nova-iorquinos. O
Judiciário entendeu que o novo mapa do Congresso no estado favorecia os
democratas.

“Como resultado, a supervisão judicial é necessária para
facilitar a criação rápida de mapas constitucionalmente adequados para uso nas
eleições de 2022 e para salvaguardar o direito constitucionalmente protegido
dos nova-iorquinos a uma eleição justa”, escreveu a juíza Janet DiFiore na
decisão, na qual argumentou que a distribuição proposta era “substancialmente
inconstitucional, já que desenhada com propósito partidário inadmissível”.

Para os republicanos, as quatro cadeiras roubadas em Nova
York foram decisivas para a retomada do controle da Câmara, ainda que sem onda
vermelha.

“Se você olhar para o mapa dos Estados Unidos e levar em
conta o conceito de onda vermelha, muitos de nós, republicanos, ficamos desapontados
com a falta de resultados em todo o país”, disse o deputado eleito Nick LaLota,
à Fox News.

“Mas, quando você se concentra em Nova York e em Long
Island, especialmente, foi possível ver algo diferente acontecendo aqui”,
acrescentou o deputado, para quem a candidatura do republicano Lee Zeldin a
governador (foi derrotado pela reeleita Kathy Hochul, do Partido Democrata)
“mobilizou muitos eleitores suburbanos do interior do estado de Nova York”.

O também deputado eleito republicano George Santos, filho de
imigrantes brasileiros e um dos quatro “ladrões” de cadeira no estado, comentou
à Fox News que outro fator que ajudou no crescimento do partido em Nova York
foi o desgaste dos democratas.

“O que estamos vivenciando no estado de Nova York é que,
pela primeira vez em cinco décadas, estamos sendo governados pelo mesmo partido
na cidade de Nova York, em Albany [capital estadual] e em Washington”, disse. “O
povo de Nova York não tem ninguém para culpar [por seus problemas] além dos
democratas.”

Outra avaliação é que o Partido Democrata perdeu espaço na
bancada nova-iorquina (ainda que mantendo maioria) porque não soube abordar as
principais preocupações da população local, como a violência.

“Uma boa noite [para os democratas nas midterms] poderia ter
sido ótima se os democratas de Nova York não tivessem estragado a redistribuição
dos distritos eleitorais e ignorado as preocupações dos eleitores sobre crime e
falta de segurança”, escreveu no Twitter Howard Wolfson, consultor do
ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg (que foi membro dos dois partidos,
mas voltou a se filiar aos democratas em 2018).

“Esses erros custaram aos democratas assentos que poderiam ter sido conquistados na Câmara e os fizeram desperdiçar milhões de dólares que poderiam ter sido usados de outra forma. Hora de corrigir o rumo”, avaliou.

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