Por que o valor das ações sobem e descem?

Por que o valor das ações sobem e descem?

Mercado Financeiro

William Eid Júnior, professor titular e coordenador do Centro de Estudos e Finanças da FGV, explica e mostra como agir em cenários voláteis. Inteligência Financeira
Divulgação
É natural: as ações sobem e descem de acordo com os movimentos do mercado. O preço do dólar subiu? A inflação no país cresceu? No mundo dos investimentos, a lei da ação e reação é imediata e se reflete imediatamente (e até de modo exagerado) no valor de um ativo.
Para entender o que causa esses movimentos, tentar se preparar para eles e tomar as melhores decisões de investimentos, convidamos William Eid Júnior, da FGV, para a entrevista que você confere agora.
1. O que é Ibovespa e como ele é calculado?
É um índice de mercado, isto é, um índice que mostra como o mercado evolui. Ele é construído com regras que levam em conta a liquidez e o tamanho das empresas. E é calculado em tempo real.
Acesse o artigo com a metodologia completa em METODOLOGIA DO ÍNDICE BOVESPA.
2. Que fatores econômicos internos e externos podem fazer o preço de um ativo flutuar?
Uma infinidade. Macroeconomia em geral com crescimento global, taxas de juros, inflação e outros. E claro, guerras, conflitos e eventos extraordinários. Alguns exemplos são o recente aumento da inflação no mundo, além do aumento na taxa de juros também em escala global, a guerra na Ucrânia e os conflitos no mar da China.
3. Além desses eventos, quais outros devem ser levados em conta?
Muitos, mas vejamos um que está nas manchetes nos últimos tempos: o risco fiscal do Brasil. Se o governo gastar muito, terá que emitir mais dívida. Isso afetará o índice dívida/pib, que é um indicador da saúde do país para investidores estrangeiros. Se o índice subir muito, afastará os investidores. Isso significaria menos investimentos no Brasil e menos dólares. O resultado é dólar mais caro e inflação no Brasil, já que os produtos importados ficarão mais caros.
4. Como a análise completa desses cenários pode ajudar o investidor a avaliar os movimentos de um ativo?
Eu não acho que o investidor comum tenha capacidade de avaliar adequadamente o conjunto de fatores que criam um cenário. Ou múltiplos cenários. Mesmo as instituições financeiras, que têm um sem-número de profissionais voltados para isso, erram. Há muitos cisnes negros (coisas que acontecem e estão fora do nosso conhecimento/radar) para nos permitir uma previsão minimamente acurada do futuro próximo. Vide a Guerra na Ucrânia e a crise da Covid-19, só para falar de dois eventos recentes. O que fazer? Em primeiro lugar, pensar em investir no longo prazo. Um mínimo de cinco anos. Nada de ficar pulando de galho em galho e nem sonhar que vai ficar milionário em dois meses. Fica rico quem é disciplinado e poupa periodicamente. Por outro lado, o investidor pode ir para um fundo de investimentos onde profissionais vão diversificar sua carteira. É preciso selecionar bem os fundos, e uma boa base para isso é o que chamamos de consistência de desempenho. O fundo sempre tem apresentado resultados melhores que seus pares? Nos últimos dez semestres, por exemplo? Por outro lado, o investidor pode investir em teses de investimentos, como tecnologia, blockchain, energias renováveis e tantas outras que estão disponíveis via Exchange-traded fund, os TFs. Ainda assim, no longo prazo. Se quiser renda, há uma infinidade de títulos tanto do governo como de empresas que pagam dividendos periódicos. Nesse caso, é bom comprar para resgatar apenas no vencimento, sem se preocupar com as flutuações momentâneas.
5. Essas flutuações podem atrapalhar a liquidez de uma ação?
Sim, pode haver um efeito clientela, isto é, investidores que fogem ou buscam ativos com alta/baixa volatilidade. Se todos estão fugindo do risco, possivelmente ações com alta volatilidade não serão desejadas.
6. Quando saber se a queda de um ativo é um movimento comum do mercado ou um alerta para rebalancear a carteira?
Aqui vai outra opinião minha divergente do que os bancos propõem: eu só acho que devemos rebalancear uma carteira ou quando a tese de investimentos mudou ou se o ativo no qual estamos investidos está com muito risco de falência. Em outros casos, as crises passam. E os preços retomam patamares anteriores.
7. Quais são as características dos ativos mais resilientes do mercado?
Em geral, ativos emitidos por empresas sólidas, com perspectivas muito positivas. Mas temos que lembrar que, em crises, as correlações entre os preços dos ativos tendem a 1, isto é, todos andam mais ou menos juntos. Para o bem e para o mal.
8. Fintechs, startups e empresas tradicionais reagem da mesma forma às mudanças de cenário?
Não. Temos um bom exemplo agora. As taxas de juros subiram, acabando com a fartura de capitais baratos que alimentaram o mercado de startups/fintechs e similares durante os últimos anos. Aliás, o mercado de tecnologia como um todo. Aí, os preços dos ativos dessas empresas derreteram.
9. Quais são os erros mais comuns dos investidores em momentos de alta volatilidade do mercado?
Entrar em pânico e mexer nos investimentos. E geralmente quem toma essa atitude não conhece investimentos, ou pior, entrou errado em algum ativo achando que ia valorizar em curto prazo. Quando isso não ocorre, se desespera e sai correndo.
10. Para você, inteligência financeira é…
Ser disciplinado, investir no longo prazo e não se deixar seduzir por cantos de sereia.

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